quarta-feira, 28 de outubro de 2009

La Santa Compaña

Pouco depois da meia-noite, nos arrabaldes de uma aldeia espanhola, um certo Dr. Pereira regressava a casa depois de ter assistido a um parto. De súbito, deslizando à sua frente, viu oito monges fantasmagóricos e encarapuçados conduzidos por um indivíduo pálido que transportava uma grande cruz de madeira, enquanto um forte odor a velas a arderem se espalhava no ar. O grupo parou junto à porta do ferreiro, e Pereira precipitou-se para casa. Passados quatro dias, o ferreiro sofreu um ataque cardíaco na taberna da aldeia.Esta história assemelha-se a centenas de relatos de testemunhas que afirmam ter visto La Santa Compaña (A Santa Companhia), uma procissão de "fantasmas" que se diz assombrar a Galiza rural, uma região do Noroeste de Espanha conhecida pelas suas histórias de bruxas e pelo seu interesse pelos mortos. Embora a lenda se tenha espalhado por todo o Norte de Espanha e de Portugal, La Santa Compaña tem um carácter particularmente galego. Está intimamente ligada aos cruceiros (cruzeiros) existentes ao longo das estradas – antigas cruzes de onde se diz que o cortejo parte. A sinistra procissão, de cinco ou mais monges encarapuçados, assombra azinhagas solitárias e cemitérios por volta da meia-noite e é sempre tomada como prenúncio de morte.Alguns parapsicólogos defendem a teoria de que tais aparições poderiam ser inconscientemente projectadas por alguém que tenha uma premonição de morte. Sociólogos e antropólogos propõem explicações mais pragmáticas, sugerindo que a luz de lanternas, combinada com nevoeiro, chuva e florestas densas, pode ter dado origem a esta lenda. Ou talvez as testemunhas não tenham visto fantasmas, mas sim grupos de contrabandistas ou até de recolectores de marisco, comuns nesta região costeira.Embora tenham sido referidos muito menos encontros desde a instalação da eletricidade, os investigadores Fernando Magdalena e Javier Akerman recolheram muitos relatos recentes de aparições destes grupo sinistro. La Santa Compaña está tão enraizada no folclore galego que continuará provavelmente a ser vista nas estradas solitárias e enevoadas durante os tempos mais próximos.

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