quinta-feira, 21 de junho de 2012

A Besta de Gévaudan

 

No final do século XVIII, na região francesa de Gévaudan, zona que pertence a Languedoc (sul da França), um animal feroz aterrorizou os moradores, provocando vários ataques que  foram documentados. O animal foi  descrito por testemunhas como tendo dentes formidáveis ​​e cauda imensa,  a pele de um tom avermelhado, além de emitir um odor insuportável, algumas pessoas ainda diziam que ouviram uma sonora risada vindo desse terrível e assustador animal. Ele matava suas vítimas, rasgando a garganta com os dentes. O número de vítimas difere de acordo com a fonte. De Beaufort (1987) estimou 210 ataques, resultando em 113 mortes e 49 feridos, 98 das vítimas mortas foram parcialmente comidos.O primeiro ataque que forneceu uma descrição de uma da criatura, ocorreu em 01 de junho de 1764,  uma mulher viu a grande besta vindo em sua direção, sua salvação  foram os touros que ela cuidava que mantiveram a fera afastada repelindo-a com seus chifres. A primeira vítima oficial da besta, Jeanne Boulet, 14, foi morta um mês depois, em 30 de junho, perto da aldeia de Les Hubacs , não muito longe Langogne. Nos seguintes meses o terror varreu a região. A besta aproveitou-se de presas fáceis, mulheres e crianças, e também homens solitários que cuidavam de animais domésticos no pasto. Muitos que foram devorados foram levados para lugares distantes. A maioria das pessoas que viram a criatura e sobreviveram ficaram em choque.
Havia uma especulação de que a criatura era realmente um grande lobo, Chegaram a disparar sobre a besta, mas ela aparentemente continuou viva. A criatura veio ser considerada um demónio ou um ser sobrenatural.
 Foram feitas na região numerosas investidas para caçar o animal, organizadas muitas vezes por nobres da região, como o Marquês de Apcher ou o Conde de Morangias, mas sempre sem resultado. As notícias dos ataques da "besta" acabou chegando até a Corte, em Paris, e o rei Luís XV viu-se obrigado a responder de algum jeito às demandas cada vez mais insistentes dos camponeses ,e  decidiu oferecer seis mil libras de recompensa a quem matasse a besta.
 Em 21 de setembro de 1765, foi abatido um grande animal que foi identificado como a “Besta”, por Antoine de Beauterne. Este animal pesava 64 quilos, tinha 87 centímetros de altura e 183 centímetros de comprimento total. O lobo foi chamado de Le Loup de Chazes. O animal foi empalhado e enviado para Versalhes, onde Antoine foi recebido como um herói, recebendo uma grande soma de dinheiro, bem como títulos e prêmios. Entretanto, em 2 de dezembro do mesmo ano, foram relatados novos ataques a duas crianças que ficaram gravemente feridas. Dezenas de casos de ataques foram novamente relatados.

 

E em 19 de Junho de 1767, um caçador local  Jean Chastel, matou a besta, o que marcou o fim dos ataques em Gévaudan, segundo os dados da época, este animal pesava 58 quilos, e foi morto com uma bala de prata benzida por um padre, sendo este o primeiro registro desse tipo de caçada.. Ao ser aberto, no estômago do animal foi mostrado para conter restos humanos. Mais existe uma controvérsia  que envolve Chastel , afirmaram  que durante a caça da besta , parte de um grupo de caça, sentou-se para ler a Bíblia e orar . Durante uma das orações a criatura veio à vista, olhando para Chastel, que terminou sua oração antes de disparar a bala de prata na besta. Este teria sido o comportamento estranho para a besta, já que costumava  atacar sem exitar . Alguns acreditam que esta é a prova que Chastel conhecia a besta, e a teria treinado para matar. No entanto, a história da oração pode simplesmente ter sido inventada por religiosos.
Certos criptozoologistas sugerem que a Besta poderia ser uma reminiscência de um mesoniquídeo, observando como algumas testemunhas descreveram o animal, como um lobo enorme com cascos ao invés de patas e era maior do que qualquer lobo de tamanho normal.
Em outubro de 2009, o canal History exibiu um documentário chamado A Real Wolfman, que argumentou que era um animal exótico na forma de uma hiena asiática, uma espécie de pelos compridos de Hyaenidae agora extinta na Europa.

 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

As Crianças Verdes


O fato inusitado teria ocorrido em algum momento entre 1135 e 1154, durante o reinado do rei Stephen, na Inglaterra. O acontecimento se deu na aldeia de Woolpit, em Suffolk.
Enquanto os agricultores trabalhavam nos campos, eles viram emergir de uma vala profunda, que era cavada para conter os lobos (wolf pits – daí o nome da cidade) duas crianças pequenas,um menino e uma menina, estavam vestidas com roupas estranhas e suas peles eram verdes. Era impossível se comunicar com eles por que tinham um dialeto desconhecido. As crianças estavam andando desorientados, e vagavam amparando-se um no outro. Os dois foram levados para o dono do feudo, Sir Richard Calne, estavam tristes e choraram por vários dias. As crianças, embora demonstranto famintas se recusaram a comer e a beber qualquer coisa, mas segundo os cronistas da época (William de Newburgh e Ralph, abade de Coggeshall), as crianças foram se acostumando pouco a pouco à dieta "humana".

 
O tempo passou, o garoto que parecia ser mais novo que a garota, adoeceu e morreu, logo depois que foram batizados. A garota adaptou-se melhor a sua nova situação. Ela aprendeu a falar inglês e gradualmente sua pele foi perdendo a cor verde.   Quando foi questionada sobre seu passado, a menina afirmou, que ela e o menino eram irmão e irmã, e tinha vindo de “terra de San Martin” onde o crepúsculo era perpétuo, e todos os habitantes eram de cor verde como eles.
Ela não tinha certeza exatamente onde se localizava sua terra natal, mas segundo disse, uma outra terra luminosa podia ser vista através de um “enorme rio” que separava as duas.
A menina verde também disse que se lembrava apenas que um dia eles estavam cuidando de rebanhos de seu pai nos campos e seguiram um animal até em uma caverna, onde ouviram o som alto dos sinos.
Extasiados, eles vagaram pela a escuridão da caverna, seguindo o som por um longo tempo até que eles chegaram à boca da caverna, onde foram imediatamente cegos pela luz do sol brilhando. Ficaram impressionados por longo tempo, até que o barulho dos ceifeiros os aterrorizou. Os dois se levantaram e tentaram fugir, mas foram incapazes de localizar a entrada da caverna, antes de serem capturados.


Segundo o escritor da crônica das crianças verdes, Ralph de Coggeshall, a menina foi empregada como criada na casa de Richard Calne,por muitos anos  onde ela foi considerada "muito irresponsável e insolente". Mais tarde a  jovem e se casou com um homem de King's Lynn,  que fica cerca de 40 milhas (64 km) de Woolpit. Com base em sua pesquisa sobre a história da família de Richard de Calne, o astrônomo e escritor Duncan Lunan concluiu que a menina recebeu o nome "Agnes", e que ela se casou com um oficial do rei chamado Richard Barre.
O misterioso caso das crianças verdes tem sido, ao longo de muitos anos objeto de estudos de especialistas de diversas áreas. Alguns acreditam que ela possa ser apenas um conto de fadas do século XII, que de tão estranho, foi ganhando ao longo dos séculos roupagens cada vez mais realistas.
Existem ainda especulações que dariam conta que as duas crianças seriam alienígenas ou seres intraterrenos, que ao aventurarem-se em seus mundos de origem, acabaram sendo transportados para a Terra. Muitas explicações têm aparecido para o enigma das crianças verdes. Uma das teorias sugeridas é que as crianças eram imigrantes flamengas que sofreram perseguição. Seus pais teriam sido mortos e o garoto e a garota se esconderam na floresta. Esta ideia explicaria as roupas diferentes, e o fato de falarem uma língua diferente, mas alguns pesquisadores contestam pois seria 
improvável que um homem culto local, como Richard de Calne não teria reconhecido a língua falada pelas crianças como sendo flamenga.

Outros sugerem má nutrição ou o envenenamento por arsênico para explicar a causa da pele verde. Também havia um rumor que um tio tentou envenenar as crianças, mas isso nunca foi confirmado. No entanto, outras pessoas como o astrônomo escocês, Duncan Lunan, sugeriam que as crianças eram alienígenas enviados de outro planeta para a Terra. 
 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Os Leões de Tsavo

 
 
Em março de 1898 os ingleses trabalhavam na construção de uma ferrovia no Quênia, leste da África. Para a construção de uma ponte sobre o rio Tsavo, foi contratado o Coronel John Henry Patterson (1865-1947), engenheiro construtor de pontes. Mas durante a construtação da ponte a obra teve que parar, pois a cada dia ia sendo registrada mortes dos trabalhadores por uma dupla de leões sanguinários. Eram dois machos que  pertencem a uma subespécie, a única em que os machos são desprovidos de juba, com cerca de 3 metros de comprimento foram responsáveis por mais de 140 mortes. Os leões arrastavam os homens para fora de suas tendas à noite e alimentando-se de suas vítimas. Apesar da construção de barreiras de espinhos em torno dos acampamentos, fogueiras durante a noite e rigoroso toque de recolher após o anoitecer, os ataques aumentaram vertiginosamente, ao ponto em que a construção da ponte finalmente cessou, devido a uma partida em massa dos trabalhadores da obra, com medo dos leões. Os nativos da região os chamavam de shaitaini (demônios da noite) e os ingleses traduziram isso para Sombra e Escuridão. Segundo o Coronel John Patterson, o fato mais atormentador era que os leões eram extremamente inteligentes. Suas formas de atacar e de se esquivar das armadilhas eram coordenadas e perfeitamente estratégicas e eficazes, incomuns à qualquer animal. 

 
Vagão- armadilha, que falhou

 
 Cerca de espinhos


Plataforma de tiro sobre uma árvore

Toca dos Leões de Tsavo

O mais estranho é que, conforme os relatos do Coronel Patterson, os leões caçavam em conjunto, e arrastavam suas vítimas a uma caverna para devorá-las. Esta versão é contestada por arqueólogos que dizem ser costumes tribais fazerem rituais humanos em cavernas da região e portanto, os ossos encontrados por Patterson não são evidência que aqueles homens foram vítimas dos leões. Os moradores da região alegavam que os leões eram na verdade espíritos de dois chefes indígenas que eram contra a construção da ferrovia, e por isso atacavam a região da ferrovia na forma de leões. Depois de nove meses de ataques, as mortes só cessaram quando Patterson conseguiu matar os leões. O primeiro, na noite de 9 de dezembro de 1889, e o segundo na manhã de 29 de dezembro, quase tendo sido devorado na segunda caçada. O fato foi retratado no livro The Man-Eaters of Tsavo, da autoria de John Patterson e no filme A Sombra e a Escuridão, de Stephen Hopkins. Os leões  foram empalhados e hoje estão em exposição no Chicago Field Museum of Natural History.


Patterson e o leão morto em 09/12/1898 


 
O leão morto em 29/12/1898

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Gruta dos Amores

 
 Itanhantã era um belo e forte índio tamoio, que provia o seu povo com a caça e a pesca que trazia para ele. Itanhantã remava, todos os dias, a sua canoa rumo à ilha de Paquetá. Na ilha caçava os mais perigosos animais, que tombavam diante das suas flechas certeiras.
Em Paquetá vivia Poranga, uma bela índia, que no esplendor dos seus quinze anos, encheu-se de amor pelo viril caçador. Apaixonada, a índia ajudava o amado, indo buscar-lhe a caça abatida. Olhava-o com ternura, falava-lhe com doçura, mas o valente caçador não lhe via os sentimentos, não se comovia com o amor e dedicação da índia.
Todos os dias, depois de caçar intensamente, Itanhantã repousava o corpo na sombra de uma gruta, adormecendo, até recuperar as forças. A pobre índia apaixonada, velava do alto da pedra que formava a gruta, o sono repousante do amado. Chorava as mais tristes lágrimas do amor não correspondido, que corriam pela pedra. Enquanto chorava, ou esperava pela vinda do amado, Poranga entoava o mais belo canto de amor, que ecoava por toda Paquetá.
O tempo passou, as lágrimas e o canto da bela índia não enterneceram o coração de Itanhantã, que continuava a caçar e repousar em Paquetá. Tantas foram as lágrimas de Poranga, que elas abriram a pedra da gruta, transpassando-a, vindo um dia, a cair sobre o rosto do tamoio.

 
 Assustado com aquela água que lhe molhou os olhos, Itanhantã fugiu da gruta, vindo a encontrar Poranga no caminho. Diante dos olhos lavados pela água da gruta, Itanhantã descobriu no rosto da índia a mais perene beleza, e no seu olhar, o amor eterno. Apaixonado, Itanhantã tomou Poranga nos seus braços e a beijou. Depois levou a índia na sua canoa, tomando-a como esposa, sendo felizes para sempre.
As lágrimas de Poranga transformaram-se na fonte da água que existe na Gruta dos Amores, em Paquetá. Até os dias de hoje, em Paquetá, quem beber da água da Gruta dos Amores ao lado da pessoa amada, terá o seu amor para sempre.

   

Fonte: Lendas Indígenas- Virtualia