quinta-feira, 21 de maio de 2009

Anjos de Mons


Um mês após a dura Batalha de Mons, na 1ª Guerra Mundial, foi publicado no Evening News, de Londres, uma notícia que causou sensação na época e provocou uma controvérsia que ainda dura.
A notícia, assinada por um jornalista e escritor galês, Artur Machen, referia como uma pequena força expedicionária britânica, numa desproporção numérica de 3 para 1, relativamente ao inimigo, fora relativamente salva por reforços celestiais. O Anjo ou Anjos de Mons (os relatos variam entre um e um pelotão) surgiram repentinamente entre os Ingleses e os Alemães, que se defrontavam numa batalha. Compreensivelmente, estes últimos recuaram em grande confusão.
A batalha travou-se no dia 26 de Agosto de 1914, e quando a notícia foi publicada, em Setembro seguinte, a maioria dos sobreviventes encontravam-se ainda na França. No mês de Maio do ano seguinte, a filha de um pastor de Clifton, na cidade de Bristol, publicou anonimamente, na revista da paróquia, o que afirmou ser a declaração , prestada sob juramento de um oficial britânico.
Nela o oficial declarava que, quando sua companhia se retirava de Mons, fora perseguida por uma unidade de cavalaria alemã. O oficial tentara alcançar um local onde a companhia pudesse abrigar-se e combater, mas os alemães haviam-nos procedido.
Esperando uma morte quase certa, os Ingleses voltaram-se e viram então, para seu espanto, uma companhia de anjos entre eles e o inimigo. Os cavalos alemães, aterrorizados, fugiram desordenadamente em todas as direções.
Um capelão do Exército, o Rev.° C. M. Chavasse, irmão de Noel Chavasse, condecorado com a Victoria Cross e mais tarde Bispo de Rochester, declarou ter ouvido relatos semelhantes a um brigadeiro e a dois de seus oficiais.
Um tenente-coronel descreveu como, aquando da retirada, o seu batalhão fora escoltado, durante 20 minutos por uma cavalaria fantasma.
Do lado alemão surgiu a notícia de que os combatentes germânicos se haviam recusado a atacar em um determinado ponto onde as linhas inglesas tinham sido cortadas, devido à presença de grande quantidade de tropas. Segundo os registros dos Aliados, não havia nessa altura um único soldado inglês na área.
Um escritor com imaginação:
Um pormenor notável no que respeita a todos os relatos sobre Mons é que nenhum deles foi divulgado a primeira mão. Em todos os casos, os oficiais que transmitiram a notícia quiseram ficar no anonimato, temendo que o seu relato não fosse considerado digno de crédito e que tal fato constituísse um possível obstáculo que dificultasse a promoção.
Anos depois, Machen, autor de histórias de terror e do sobrenatural, que fora membro da sociedade mística conhecida pelo nome de Ordem Hermética da Aurora Dourada, reconheceu que a primeira notícia que divulgara não passava de imaginação.
O mistério tornou-se assim mais intrigante ainda. Apesar do desmentimento, muitos soldados de regresso à pátria entregaram-se a reminiscências sobre os estranhos acontecimentos de Mons, e os investigadores chegaram a acreditar que, de fato, algo sobrenatural ocorrera.
Teriam os soldados regressados da guerra recorrido a uma história que lhes agradava e que apoiavam determinadamente? Ou teria acontecido algo - uma miragem por exemplo - que induzira os ingleses e os alemães a acreditarem que haviam visto uma exército espectral de anjos?
Qualquer que seja a explicação, os ingleses conseguiram algo semelhante a um milagre. Apesar de uma desvantagem esmagadora e de pesadas perdas, a retirada foi realizada com êxito, e a Força Expedicionária Britânica manteve-se uma efectiva força de combate.

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