Durante as cheias, sempre à noite e mais freqüentemente às
sextas-feiras, costuma aparecer nas águas dos rios Poti e Parnaíba, um
monstro. Trata-se de um sujeito alto, magro, com longos cabelos caídos
pela testa e cheios de lodo, a que chamam cabeça de cuia.
Dizem que, há muitos anos, em uma pequena aldeia do vilarejo
denominado Poti Velho, vivia uma pequena família, cujo arrimo era um
jovem pescador, a que alguns dão o nome de Crispim. Certo dia, o rapaz
retornou da pesca muito aborrecido. À hora da refeição, composta de
carne de vaca, pegou um enorme pedaço de osso e, a fim de tirar o
tutano, bateu com ele na cabeça da velha mãe. A pobre senhora, indignada
e enfurecida, rogou-lhe uma praga, amaldiçoando-o. O filho, com o
coração tomado de remorso, pôs-se a correr como um louco e atirou-se às
águas do rio Poti, desaparecendo.
Desde esse dia, o cabeça de cuia nada errante pelas águas dos dois
rios, surgindo ora aqui, ora ali, na época das enchentes e nas noites de
sexta-feira. Aparece de repente e agarra banhistas desavisados,
principalmente crianças, arrastando-os para o fundo das águas. De sete
em sete anos, devora uma moça chamada Maria. Após apoderar-se de sete
Marias, seu encanto estará quebrado e ele retornará ao seu estado
natural. Contam que sua mãe permanecerá viva até que o filho esteja
livre de sua sina.
É o principal mito do estado do Piauí. A Prefeitura de Teresina
instituiu, em 2003, o Dia do Cabeça de Cuia, a ser comemorado na última
sexta-feira do mês de abril.
Monumento em homenagem ao cabeça de Cuia
Fonte: Jangada Brasil
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